Educação financeira para crianças: como ensina-las a poupar

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A educação financeira para crianças ainda é um tema desafiador e delicado em muitas famílias brasileiras. Mas é essencial para o desenvolvimento de uma vida financeira saudável desde cedo.

Muitos pais não sabem nem por onde começar para orientarem seus filhos a terem responsabilidade com o seu dinheiro. E isso ainda se soma ao fato de que educação financeira é uma forte lacuna no sistema educacional brasileiro.

Porém, educação começa em casa. E quando se trata de educação financeira, a realidade não é diferente.

Então, neste artigo, conheça a importância da educação financeira para crianças. Veja formas de abordar esse assunto com seus filhos, além de dicas para tornar esta tarefa mais divertida. Confira!

Qual a importância da educação financeira para crianças?

É importante que uma criança aprenda desde cedo a lidar com dinheiro. Muitos pais, por desconhecimento ou mesmo por não saberem como abordar este assunto, acabando deixando esse assunto de lado. Além disso, nas escolas brasileiras, este ainda é um tema incomum.

Porém, quanto mais cedo a educação financeira para crianças começar, melhor será a relação delas com o dinheiro na vida adulta.

As crianças precisam aprender a se relacionar com as finanças desde cedo. Afinal, quanto mais jovens as crianças souberem da importância de poupar, ter controle das despesas e valorizar o dinheiro, melhor será a vida financeira adulta.

Este pode até parecer um assunto pesado para crianças. Mas tudo depende da forma com a qual você irá falar disso com elas.

Então, veja algumas dicas para abordar educação financeira para crianças.

Como falar com crianças sobre economia?

Muitos pais evitam abordar o tema da educação financeira com seus filhos, pois têm o receio de não saberem o suficiente para que possam ensinar alguém sobre finanças pessoais.

Porém, ao falar sobre educação financeira com as crianças, não é necessário ser muito técnico. Falar e ensinar apenas alguns aspectos básicos já será o suficiente.

Desde muito cedo, as crianças já irão entender a importância do dinheiro e o valor de troca que ele possui. E, a partir deste momento, desenvolverão a ideia de que o dinheiro é necessário para que conquistem o que querem.

Estudos indicam que a partir dos 3 anos de idade os pais devem começar a falar sobre educação financeira com seus filhos.

Ensinando que é preciso merecer o dinheiro que elas irão ganhar em mesadas, por exemplo, e que também é preciso gastar este dinheiro com cuidado, poupando sempre um pouco dele.

Como brinquedos podem ajudar nesta tarefa

Outra forma de abordar a educação financeira para crianças é com o uso de jogos e brincadeiras. Com eles, será possível tornar o tema muito mais leve e divertido.

Um exemplo destes jogos e que quase todo mundo conhece é o Monopoly, conhecido aqui no Brasil como Banco Imobiliário.

Para quem não o conhece, trata-se de um jogo de tabuleiro onde bairros, casas, hotéis e empresa são comprados e vendidos. No jogo, alguns jogadores ficam ricos à medida que investem mais, enquanto outros podem ficar endividados, indo eventualmente à falência.

O jogo é indicado para crianças a partir de 6 anos e é uma ótima analogia para que elas compreendam como é importante controlar os gastos e investir, para que fiquem sempre “ricas” no jogo e não “endividadas”.

Como ensinar educação financeira para crianças por faixa etária

A educação financeira para crianças é algo muito importante para auxiliar no desenvolvimento delas. Porém, para cada faixa etária, a compreensão de alguns aspectos da vida e como eles se relacionam com o dinheiro é diferente.

As crianças mais novas até podem compreender o que significa o dinheiro, mas ainda não sabem fazer contas. Enquanto as crianças mais velhas, por já saberem fazer contas básicas, podem aprender aspectos iniciais sobre matemática financeira.

A seguir, vamos dar dicas de como abordar a educação financeira para crianças, de acordo com a faixa etária.

Dos 3 aos 5 anos

Nesta fase da vida, a maioria das crianças ainda não sabe fazer contas, mesmo as mais básicas. No entanto, elas compreendem que o dinheiro é valioso e pode ser trocado por muitas outras coisas.

Por isso, nesta faixa etária, a educação financeira deve ser simples, com o uso de brincadeiras intuitivas e o incentivo a que elas tenham um cofrinho, onde poderão guardar moedas.

Aos pais, cabe acompanhar e incentivar que elas comecem a tratar o dinheiro com a devida importância, sabendo que poupar é importante, criando esta consciência financeira inicial.

Dos 6 aos 10 anos

Nesta fase, as crianças já possuem alguma base matemática e já saberão fazer contas simples. Por isso, crie metas financeiras, que as incentivem a poupar.

Por exemplo, juntar dinheiro para que elas paguem o ingresso do cinema ou que comprem um brinquedo que querem.

Os pais ainda podem incentivar os filhos ao darem pequenas recompensas financeiras a elas, ao alcançarem as metas financeiras (como uma espécie de remuneração de investimento) ou realizarem tarefas domésticas simples.

A partir dos 11 anos

A partir dos 11 anos, é hora de aumentar a responsabilidade que as crianças têm com a sua própria vida financeira.

Por isso, é nessa idade que se recomenda o início de uma mesada, que os pais dão aos seus filhos e deixam a administração deste dinheiro sob a responsabilidade deles.

Aqui, a educação financeira também pode abordar temas como responsabilidade e escolha. Assim, a criança já começa a entender a necessidade de organizar as suas finanças para sempre ter dinheiro.

8 dicas para ensinar educação financeira para os pequenos

Como dissemos acima, a educação financeira para crianças tem que começar dentro de casa. É preciso ensinar os seus filhos a terem uma relação saudável com o dinheiro, para que isso também se reflita na vida adulta deles.

Porém, essa não é uma tarefa fácil para muitos pais. Por isso, aí vão 8 dicas para ensinar educação financeira para crianças de forma simples, educativa e divertida.

1. Faça da mesada uma aliada

O primeiro contato real com o dinheiro, de grande parte das crianças, será com a sua mesada. Esta será o primeira “renda” que elas receberão e que estará sob responsabilidade delas.

Neste ponto, a mesada poderá ser um importante aliado na educação financeira. Com a definição de um valor fixo mensal, que seja compatível com a faixa etária da criança.

Assim, será possível ensinar para elas aspectos como a necessidade de poupar e ter responsabilidade com os gastos que realizarem.

É importante dar liberdade aos seus filhos quanto ao destino que eles irão dar ao dinheiro. Porém, sempre observando os gastos e dando orientações (mas não ordens) sobre o melhor uso que eles poderão fazer do dinheiro.

2. Sempre estimule o hábito da poupança

A importância de poupar é algo que precisa ser estimulada desde cedo. É aqui que os pais podem, por exemplo, criar incentivos para que seus filhos evitem gastos por impulso e criem o hábito de guardar um pouquinho todo mês.

Por isso, crie metas para elas. Se a família vai viajar de férias, por exemplo, incentive os seus filhos a guardar dinheiro para gastar na viagem. Ou, se elas estão querendo comprar um brinquedo mais caro, também as incentive a poupar para compra-lo.

Com isso, elas irão dar muito mais valor ao dinheiro que receberam, conhecendo a importância e quais os benéficos que elas terão ao poupar.

3. Delegue tarefas para os pequenos

Uma das melhores maneiras de ensinar as crianças sobre o valor do dinheiro é dando pequenas tarefas, como ir à padaria e voltar com o troco.

Assim, a criança irá aprender a tomar decisões de compra e perceber, na prática, que o dinheiro pode ser trocado por produtos e que é importante saber o preço das coisas que está comprando.

E com o troco, você ainda poderá incentivá-las a poupar, guardando este dinheiro que sobrou no cofrinho.

4. Ensine-os a anotar todos os gastos

Um dos maiores desafios no controle financeiro de muitos brasileiros é o controle e registro dos gastos que realizam. Mas, se isso for ensinado desde cedo, o controle da vida financeira será um hábito carregado pelo resto da vida.

Por isso, incentive os seus filhos a anotarem todos os gastos que realizam. Assim, eles poderão perceber onde gastam o dinheiro. E, na próxima vez que a mesada acabar antes do fim do mês, indique a eles quais gastos podem ser cortados para que a mesada dure mais tempo.

5. Converse com seu filho sobre o seu trabalho

A curiosidade sobre o trabalho é algo que está presente na mente das crianças desde cedo. Por isso, toda vez que seus filhos perguntarem a você sobre o seu trabalho, aproveite e fale também sobre o salário.

Essa será mais uma excelente oportunidade de ensinar mais alguma coisa sobre o valor do dinheiro e porque é importante tratá-lo com responsabilidade.

Procure fazer com que elas entendam que o dinheiro não é algo que vem facilmente e que o seu salário é resultado do tempo que você dedica ao seu trabalho. Assim como o conhecimento e a experiência que você adquiriu ao longo dos anos.

Dessa forma, elas poderão compreender que o dinheiro é algo que se ganha após muito esforço e que não vem facilmente.

6. Explique o que é cartão de crédito

Quanto mais cedo uma criança souber o que é cartão de crédito, mais cedo também saberá que é preciso ter responsabilidade e cuidado com ele. Por isso, na educação financeira para crianças, é importante explicar o que é um cartão de crédito.

Ensine a elas que o cartão não é uma extensão do trabalho, mas sim, algo que deve ser pago e que existem juros que são cobrados. Dessa forma, desde cedo, elas compreenderão que a relação com o cartão de crédito deve ter muita responsabilidade.

7. Deixe-as participar em algumas decisões financeiras

Um jeito ainda melhor de tornar a educação financeira para crianças, é incluí-las em algumas decisões financeiras familiar.

É claro, não estamos falando aqui de decisões complexas. Mas sim, de coisas simples, como qual produto escolher no supermercado, por exemplo, orientando-as para que compreendam qual produto é mais barato ou qual produto vale mais a pena.

Desta forma, você estará ensinando para elas dois aspectos importantes sobre educação financeira: pesquisa de preços e raciocínio lógico.

Com isso, ela poderá, desde cedo, saber quando um produto é financeiramente mais vantajoso que outro e como pesquisar os melhores preços de um produto antes de compra-lo.

8. O cofrinho pode ajudar

O famoso cofrinho é algo que as crianças tendem a carregar como hábito desde cedo. Este é um importante aliado da educação financeira para crianças, pois é possível incentivá-las que poupem o seu dinheiro e usem para algo posteriormente.

Por isso, torne o ato de encher o cofrinho como uma conquista a ser alcançada. Para que assim seus filhos criem uma vontade de guardar dinheiro. E, quando ele estiver cheio, use o dinheiro para dar alguma experiência divertida para as crianças, como ir ao cinema ou ao parque, por exemplo.

Assim, elas irão associar que, ao pouparem, poderão fazer coisas muito legais com o dinheiro guardado. Tornando a tarefa de economizar ainda mais divertida!

Conclusão

A educação financeira para crianças ainda é um desafio para muitas famílias e uma das principais lacunas do sistema educacional brasileiro. Este talvez seja um dos motivos principais que faz com que muitos brasileiros tenham problemas financeiros recorrentes na vida adulta.

Por isso, criar hábitos financeiros saudáveis desde a infância é uma das melhores heranças que os pais podem deixar aos seus filhos. Para que assim, elas saibam, desde cedo, como se relacionar com o dinheiro e como cuidar de suas finanças, para que possam realizar os seus sonhos.

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